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Viriato dos Santos

Viriato dos Santos


Deitar cedo e cego erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia o meu avô,

Dizia baixinho.

Vai durmir agora,

Para seres um bom menino.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já o meu tio,

Um pouco zangado.

Vai já pra cama,

Se não fico irritado.

 

Deitar e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia a minha mãe,

Com o pijama na mão.

Tu vestes-te como ninguem,

És o meu filho do coração.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Naquele dia triste,

Toda a familia chorava.

Diz-me lá porque partiste?

Já não percebo nada.

 

Deitar e cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia a minha avó,

Olhando para relógio.

Deixem estar o menino,

Pois, ele não vai ao velório.


Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…


Já dizia o meu avô,

Um pouco chateado.

Se não vais já durmir,

O caldo fica entornado.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia o meu tio,

“Tu meu sobrinho”.

Tens que ir já durmir,

Pra amanhã, acordares fresquinho.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia a minha mãe,

Com o pijama na mão.

Se ainda é cedo pra durmir,

Podemos ainda, cantar uma canção.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia a minha avó,

Com uma voz docemente.

Deixem o menino em paz,

Pois ele, não está doente.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia o meu avô,

Um pouco chateado.

Se não vais já descansar,

Amanhã não vais brincar.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia o meu avô,

Que é o chefe da familia.

Se não vais, já durmir,

Vou chamar a tua tia.

 

 


 


Camas?

- Camas de dormir!

Não! Amas?

- Não tem nada haver, com amar.

São apenas camas.

- Ah, quem tu amas faz sorrir?

Não! Servem para descansar.

- Ah, são de camas que estás a falar!

Sim! Até que enfim.

- Oh, que querido, tu gostas de mim.

Quem tu pensas que eu sou?

- És uma grande pessoa.

Não! Não sou o teu avô.

Avô! Não estou a falar de mim.

- A sério? Pois não, tu estás a falar de ti!

De mim? Não! Tu é que estás a chamar o teu avô.

- Avô? Vamos lá esquecer.

Não! Eu prefiro morrer.

Então quem tu amas?

- Quem eu amo?

Sim! Estás a dizer camas.

Ah, as camas…

São camas, e as camas,

São quem eu Amo.

- Já percebi, tu amas as camas!

Sim! Até que enfim.

Não, não estou a dizer que gosto de ti.

- Sim, eu sei.

Não, não te estou a chamar Rei!

Rei? Não tem nada haver.

- Não, eu prefiro morrer.

Eu disse, que já sabia!

- Ah, já entendi.

A noite para ti, tem magia.

- Magia?

Não tem nada haver.

- Não, eu prefiro morrer.

Morrer? Vamos lá chorar.

- Ah, já entendi…

Vamos na cama nos deitar!

- Ah, finalmente.

Pensava que estavas doente.

- Doente?

- Não, dormente.

Não estou a dormir!

- Eu sei, e é isso, que me faz sorrir.

Ah, já entendi.

Estás a despedir-te de mim.

- Não, não tem nada haver.

Sim! Então até amanhã…

Vou dormir.

- Não, não vás embora.

Embora? Eu não vou fugir.

Disseste “até amanhã”.

Ah, isso. Eu moro na Covilhã!

Ah, já entendi.

Tu preferes comer Romã.

- Não, não tem nada haver.

Oh não, eu prefiro morrer.

Agora já percebi tudo,

Tu amas as tuas camas.

Sim, e agora nos vamos deitar.

E nós na nossa cama…

Vamos descansar.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia o vitinho,

Que é um grande amigo.

Façam pouco pouco barulho,

Deixem durmir o menino.

 

Deitar cedo e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…

 

Já dizia o vitinho,

Que é um bom amigo.

Amanhã é outro dia,

E agora, eu vou indo.

 

Deitar e cedo erguer,

Dá saúde e faz crescer…